Hibristofilia é o nome dado à atração sexual ou romântica por criminosos violentos. Embora pareça algo raro ou excêntrico, esse fenômeno psicológico e social ocorre com mais frequência do que se imagina, especialmente entre mulheres que se sentem atraídas por assassinos, estupradores ou serial killers.
Este artigo explica o que é hibristofilia, suas causas mais comuns, os riscos envolvidos e como a sociedade — e a mídia — influenciam esse comportamento.
O que é hibristofilia?
O termo vem do grego: “hybris” significa arrogância ou excesso de orgulho, e “philia” indica afinidade ou amor. Na prática, hibristofilia define um tipo de parafilia onde o desejo recai sobre pessoas que cometeram crimes graves.
Segundo estudos recentes, como o de Fabiana Amaro de Brito (2024), a hibristofilia atinge especialmente mulheres heterossexuais. Algumas trocam cartas com criminosos presos, outras iniciam relacionamentos íntimos e, em alguns casos, chegam a se casar com esses indivíduos — mesmo conhecendo seus crimes.
Por que algumas pessoas sentem atração por criminosos?
Especialistas identificam três causas principais da hibristofilia:
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Amor redentor – A mulher acredita que pode transformar o criminoso com seu amor.
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Instinto maternal – Ela vê o homem como alguém “ferido” que precisa de cuidado.
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Busca por fama – Algumas se envolvem com criminosos notórios em busca de visibilidade.
Além disso, conforme apontam Rodrigues da Costa e Jung (2021), mulheres hibristofílicas costumam apresentar baixa autoestima, histórico de abuso e uma necessidade inconsciente de controle. Quando o parceiro está preso, elas sentem que têm domínio sobre a relação — o que alimenta fantasias de um amor seguro e idealizado.
Como a mídia reforça a hibristofilia
Casos de hibristofilia frequentemente ganham atenção da mídia. O exemplo clássico é o serial killer Ted Bundy, que recebia centenas de cartas de fãs enquanto aguardava sua execução. Em muitos desses casos, a cobertura midiática transforma criminosos em figuras quase “pop”.
Por outro lado, a criminóloga Francesca Pattaro descreve o fenômeno como Síndrome de Bonnie e Clyde, uma referência à dupla criminosa que virou símbolo de romance perigoso. Filmes, séries e documentários reforçam essa imagem distorcida, tornando a atração por criminosos algo, para alguns, quase glamouroso.
Além disso, a repetição desse modelo na cultura popular ajuda a normalizar comportamentos perigosos e distorcidos emocionalmente.
Hibristofilia é perigosa?
Sim, e por vários motivos. Relacionar-se com criminosos pode causar danos sérios, tanto físicos quanto psicológicos. Há inúmeros relatos de manipulação emocional, chantagens e até violência física contra mulheres que se envolveram com homens presos por crimes hediondos.
Embora hibristofilia não seja oficialmente reconhecida pelo DSM-5, ela é estudada na psicologia forense por seus riscos e implicações sociais. Portanto, o acompanhamento psicológico é recomendado para quem apresenta esse tipo de comportamento, especialmente quando há sofrimento envolvido.
Como lidar com a hibristofilia?
Em primeiro lugar, é essencial reconhecer o problema. Muitas mulheres que se envolvem com criminosos não percebem os riscos que enfrentam. A terapia ajuda a entender padrões afetivos disfuncionais, traumas anteriores e a resgatar o amor-próprio.
Além disso, é importante que a sociedade pare de romantizar esses relacionamentos. É necessário enxergar a hibristofilia como um problema de saúde mental e segurança pública, e não como uma simples escolha afetiva.
Conclusão: Hibristofilia exige atenção e empatia
Falar sobre hibristofilia é essencial para desmistificar a atração por criminosos. Esse comportamento não é apenas um fetiche ou curiosidade mórbida — ele revela questões profundas sobre autoestima, trauma, poder e o impacto da cultura de massa.
Enquanto continuarmos a glamorizar criminosos na mídia e ignorar os sinais de alerta, manteremos o ciclo de risco ativo. Portanto, ao entender o que leva alguém a desenvolver hibristofilia, abrimos espaço para a prevenção, o acolhimento e, principalmente, para o fim da romantização do perigo.